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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Distúrbios alimentares

            O constante aumenta-diminui do peso e a excessiva preocupação em manter um corpo magro têm levado um número cada vez maior de pessoas a adotar dietas rigorosas. Muitas se tornam vulneráveis a doenças e a distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia nervosa, que atingem principalmente mulheres jovens e adolescentes.

Anorexia nervosa


            Em linhas gerais, esse distúrbio acomete especialmente mulheres mais jovens e é caracterizado pelo medo patológico de engordar, pela preocupação neurótica com o numero de calorias ingeridas, pela distorção da autoimagem e por alterações hormonais.
            Normalmente, a pessoa não admite que está doente e é a família quem procura ajuda profissional.  
            A doença geralmente surge em adolescentes que perderam peso depois de um problema de saúde ou de um regime para emagrecer.
            Geralmente são meninas dinâmicas e responsáveis, que passam a apresentar interesse exagerado pelo número de calorias contidas nos alimentos, a preparar a própria comida, a intentar compromissos no horário das refeições para não se sentar à mesa com a família, a fazer exercícios físicos exaustivos, a se afastar das amizades e a concentrar-se obsessivamente nos estudos ou no trabalho.
            A escolha do cardápio é determinada por conhecimentos confusos, adquiridos em revistas femininas e em sites pouco criteriosos.
            A perseguição da magreza a qualquer custo se torna um prazer.
            A autoimagem fica tão distorcida que uma menina de 30 a 40 quilos, nas fases mais avançadas da doença, é capaz de se julgar obesa. Na internet, há sites de mulheres anoréxicas, com corpos literalmente esqueléticos, dos quais se orgulham a ponto de exibi-los sem roupa.
            Com o tempo, surgem irritabilidade, distúrbio de humor, recolhimento social, ruminações obsessivas, rituais desprovidos de sentido, perda de atenção e da capacidade de concentração. Quadros de depressão são freqüentes.
            As mestruações são interrompidas porque a desnutrição interfere no equilíbrio dos hormônios sexuais.
            A má nutrição provoca o aparecimento de penugem especialmente na face, queda de cabelo, ressecamento e descamação da pele, deficiência de vitaminas e perda de proteínas.
            À medida que o quadro se agrava, os estoques de glicose armazenada no fígado sob forma de glicogênio são esgotados e as reservas de gordura são mobilizadas, para garantir o aporte calórico.
            Mais tarde, ocorre mobilização das proteínas, perda de água do interior das células, desequilíbrio de sais minerais, alterações da função tireoidiana e outras complicações metabólicas.
            O tratamento exige equipe multidisciplinar, com médicos, nutricionistas e psicólogos. Como a doença persiste por anos, o aconselhamento nutricional e psicológico deve ser continuado.
            A hospitalização é necessária nas fases em que a desnutrição ameaça a vida, quando o IMC (índice de massa corpórea) é menor que 13, ou quando a perda de peso foi muito rápida.

Bulimia nervosa


            A bulimia nervosa é uma variante da anorexia nervosa.
            A diferença fundamental entre essas doenças é que na bulimia o peso corpóreo está praticamente normal, enquanto na anorexia a magreza é de chamar a atenção.
            A bulimia nervosa é mais freqüente do que a anorexia nervosa, mas menos grave porque a subnutrição costuma ser menos intensa. Acomete 1% das mulheres jovens.
            O diagnóstico se baseia nas seguintes características principais:

1)    Episódios recorrentes de ingestão exagerada de alimentos que se caracterizam por:
- comer num período limitado de tempo (por exemplo, durante 2 horas) uma quantidade de alimentos claramente superior ao que a maioria das pessoas seria capaz de ingerir no mesmo período e em circunstâncias semelhantes;
- sensação de que não é possível parar de comer ou controlar o que e quando está ingerido.

2)    Comportamento compensatório inadequado, para prevenir o aumento de peso resultante do excesso cometido (indução de vômito, abuso de laxante e diuréticos, lavagens intestinais, exercícios excessivos e jejuns prolongados).

3)    Os episódios de comer exageradamente e de comportamento compensatório inadequado ocorrem, em média, pelo menos 2 vezes por semana, durante 3 meses.

O quadro geralmente tem início com a adoção de dietas rigorosas para emagrecer, motivadas pela importância exagerada atribuída à necessidade imperiosa de ficar magra.
Na fase inicial, todas as pacientes tentam atingir peso-alvo que determinaram, evitando alimentos mais calóricos.
Com o tempo, surgem episódios de comer compulsivamente, depressa, quase sem mastigar, seguidos de comportamentos compensatórios. Às vezes, a compulsão é por “beliscar” o dia inteiro. Algumas pacientes falam com orgulho do prazer de comer o máximo possível sem engordar.
Apesar de tudo, as crises de excesso alimentares servem para aliviar a tensão, tornando-as difíceis de combater.
Como fazem segredo dos episódios bulímicos, a rotina de vômitos, laxantes e diuréticos pode passar anos sem ser percebida pela família.
Com freqüência, esses episódios são planejados com antecedência. As comidas, escondidas em lugares como armários e guarda-roupas, geralmente contêm alto teor energético e são fáceis de engolir e de vomitar. Em alguns casos, é ingerida uma quantidade de alimentos que chega a corresponder a 10 vezes o número de calorias da dieta diária.
      De tanto estimular o reflexo do vômito, ele pode ser ativado pela simples contração dos músculos abdominais.
      A acidez do suco gástrico estraga os dentes e irrita o esôfago e a garganta.
      As crises de bulimia são desencadeadas por fatores variados: ansiedade, tristeza, tensão, aborrecimento, lembranças relacionadas a comida, uso de álcool ou de maconha, cansaço, excesso de trabalho. Raramente a fome é relatada como fator desencadeante.
      Para evitar situações que disparam a compulsão, a menina se isola. Com o passar do tempo, surgem depressão, auto estima rebaixada, ansiedade, tentativas de automutilação e idéias de suicídio.
      Muitas delas fazem uso de fórmula para emagrecer. Um terço das portadoras da anorexia nervosa desenvolve bulimia nervosa. O caminho inverso é mais raro.
      O tratamento exige equipe multidisciplinar: médicos, psicólogos e nutricionistas. A psicoterapia é fundamental, mas ao contrário do que ocorre na anorexia, na bulimia os medicamentos antidepressivos podem ajudar.


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